domingo, 11 de março de 2012

(VIII) O NÚMERO OITO


... O anticristo é o que divide os homens em vez de uní-los; é o espírito de disputa, a teimosia dos doutores e dos sectários, o desejo ímpio de apropriar-se da verdade e excluir dela os outros, ou de forçar todos a sofrerem a estreiteza de nossos juízos.
O anticristo é o padre que amaldiçoa em vez de abençoar, que afasta ao invés de conciliar, que escandaliza ao invés de edificar, que condena ao invés de salvar.
É o fanatismo odioso que desanima a boa vontade.
...O verdadeiro padre do Cristo é um homem que vive, sofre, ama e combate pela justiça. Ele não disputa, não reprova, espalha o perdão, a inteligência e o amor.
O verdadeiro cristão é estranho ao espírito de seita; existe inteiramente para todos, e considera todos os homens como filhos dum pai comum que quer salvar a todos; o símbolo inteiro só tem para ele um sentido de docilidade e de amor; deixa a Deus os segredos da justiça e só compreende a caridade.
Considera os maus como doentes de que se deve compadecer e que é preciso curar; o mundo com seus erros e seus vícios é para ele o hospital de Deus; ele quer ser seu enfermeiro.
Não se julga melhor que ninguém, diz somente: Enquanto estiver melhor de saúde, servirei os outros, e quando for preciso morrer, talvez outros tomarão meu lugar e nos servirão.

Eliphas Levi: Texto extraído do livro: As Chaves dos Grandes Mistérios